"Sou uma mulher madura, que as vezes brinca de balanço.
Sou uma criança insegura, que as vezes anda de salto alto."
(Martha Medeiros)

Este Blog tem por objetivo catalogar minha caminhada nesta jornada diária na busca incessante pelo auto-conhecimento e compreensão das coisas com a ampliação de consciência. Esta tarefa faz parte do meu exercício de auto-disciplina e comprometimento comigo mesma.


Sigo meu caminho, um dia de cada vez, colocando cada coisa em seu lugar, re-organizando aos poucos toda a minha existência. Mas... de que forma??? Condição sine-qua-non ou regra de ouro: Nunca fazer ao outro aquilo que não gostaria que o outro me fizesse. Deixar a ansiedade e o orgulho de lado, controlar o ego e exercitar o perdão.

Simples, mágico e divertido... com certeza!!!

Por fim, decidi fazer um diário emocional onde irei registrar minhas impressões sempre que algo relevante chacoalhar minha estrutura sinestésica feminina, cujo título não podeia ser outro, senão O DIVÃ DE VALERIA KENCHICOSKI.

Valeria Kenchicoski - março/2010.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

08/02/2012

TRAUMA

Início do sexto ciclo de quimioterapia, sendo o segundo e antepenúltimo ciclo p/ o final do tratamento - medicação Taxotere (tamoxifeno). Como já havia sido alertado pela minha médica, a partir de agora TUDO fica mais difícil, tanto física quanto emocionalmente. Corpo e mente exaustos e extremamente debilitados pela carga cumulativa do tratamento.

Estou no pique, levei meu netbook p/ sessão de quimioterapia e segui trabalhando, respondendo aos e-mails, falando ao celular e tudo o mais... fiz da sala de quimioterapia praticamente meu home-office (como sempre).

Só não contava em ser traída pelo meu estado emocional, que encontra-se tão vulnerável como um fio de navalha...

Uma nova amiga do peito juntou-se a nós p/ seu segundo ciclo de quimioterapia, praticamente início de tratamento, onde tudo é novidade. Uma mulher madura, mãe e avó, linda e cheia de vontade de viver. Eu estava lá, firme e forte, tentando passar o máximo de esperança e força p/ ela. Ali, rimos e choramos juntas, nos emocionamos, principalmente quando ela me contou que seus três filhos homens, casados, pais de família e bem sucedidos na vida, todos rasparam suas cabeças e estão carecas, em solidariedade à esta mãe... e ela me mostrou a foto dos três carequinhas!!! Coisa mais linda de se ver, amor incondicional!!!

Até aí eu bem que segurei a minha onda, mas na hora em que a enfermeira trouxe a Adriblastina (quimioterapia vermelha) e colocou na minha colega... surtei. Simples assim, mesmo sem saber como. Me deu uma aversão tão grande que não consegui mais olhar p/ ela e nem tampouco p/ aquela medicação cor de groselha, horrível. Estou até a gora tentando entender o que me deu. Só sei que tentei disfarçar, mudar o foco, enfim...

O que mais me traumatizou na Adriblastina não foram os efeitos colaterais, conforme descrevi em um post do dia 07/12/2011, nem mesmo a queda dos cabelos (que aliás já estão se aventurando a começar a crescer). O meu maior trauma é o cheiro desta medicação. Sim, o cheiro. E não poderia ser diferente, pois sou extremamente sinestésica e o olfato sempre foi um de meus pontos fortes.

O cheiro da Adriblastina me incomodou e me marcou tanto a ponto de, durante o tratamento (4 sessões iniciais que duraram do dia 27/10/2011 ao dia 28/12/2011), eu tomar vários banhos ao dia e trocar as roupas de cama diariamente, pois sentia este cheiro horrendo exalar das minhas entranhas e putrefar minhas roupas, minha cama, minha casa.

De repente, sentir este cheiro de novo, ver aquele líquido vermelho outra vez... foi como um golpe de misericórdia em minha resistência emocional.

SUCUMBI.