"Sou uma mulher madura, que as vezes brinca de balanço.
Sou uma criança insegura, que as vezes anda de salto alto."
(Martha Medeiros)

Este Blog tem por objetivo catalogar minha caminhada nesta jornada diária na busca incessante pelo auto-conhecimento e compreensão das coisas com a ampliação de consciência. Esta tarefa faz parte do meu exercício de auto-disciplina e comprometimento comigo mesma.


Sigo meu caminho, um dia de cada vez, colocando cada coisa em seu lugar, re-organizando aos poucos toda a minha existência. Mas... de que forma??? Condição sine-qua-non ou regra de ouro: Nunca fazer ao outro aquilo que não gostaria que o outro me fizesse. Deixar a ansiedade e o orgulho de lado, controlar o ego e exercitar o perdão.

Simples, mágico e divertido... com certeza!!!

Por fim, decidi fazer um diário emocional onde irei registrar minhas impressões sempre que algo relevante chacoalhar minha estrutura sinestésica feminina, cujo título não podeia ser outro, senão O DIVÃ DE VALERIA KENCHICOSKI.

Valeria Kenchicoski - março/2010.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

21/12/2011

EFEITO SOMBRA

Alguém se lembra do filme “De Volta para o Futuro”? Nossa, esta trilogia foi uma das febres dos anos 80, onde os meninos queriam SER Marty Mcfly (representado pelo ator Michael Jay Fox)... enquanto as meninas queriam TER Marty Mcfly... eu mesma me incluo nesta lista!!!
Na verdade, uma das cenas que mais me marcaram nesta trilogia era quando Marty olhava p/ uma foto de família (com seus pais e irmãos) que havia em sua carteira. A medida em que a trama do filme se desenrolava alguns personagens contidos na tal fotografia, foram ficando c/ suas imagens transparentes, como uma marca d’água, um verdadeiro efeito sombra. Como se fossem sendo literalmente apagados de sua existência... até deixarem de existir. Esta é a verdadeira magia do filme, Marty Mcfly luta contra o tempo p/ recuperar a nitidez da imagem dos personagens presentes nesta foto e, consequentemente, em sua vida.
Mas, quem estiver lendo este texto agora, deve estar se perguntando qual a relação dentre os assuntos... e eu explico: Eu sou a sombra!!!
Pelo menos é assim que me sinto agora. A medida em que os dias passam, me sinto como se estivesse sendo gradativamente “apagada da vida”. No começo, logo quando descobri estar c/ câncer, minha casa ficou cheia, meu telefone não parava de tocar, o facebook “bombava” mensagens e tudo o mais. Porém, minha patologia deixou de ser a novidade do momento, virou rotina. Dia após dia a rotina de todo mundo seguiu seu curso, menos a minha... pois uma pessoa submetida à sessões de quimioterapia não tem a menor possibilidade de ter uma “vida normal”. Assim sendo, sua vida pessoal, social, profissional e etc., são brutalmente interrompidas, violadas, dilaceradas. Simultaneamente, a platéia vai indo embora, um a um, afinal o “espetáculo” se torna repetitivo a cada 21 dias, até que num determinado momento vc está totalmente só. Me sinto fora do contexto de uma vida propriamente dita. Por mais que teoricamente eu saiba que tudo isso vai passar, que é um “pit-stop” estratégico p/ meu crescimento em todos os sentidos, por mais que eu saiba que jamais serei a mesma pessoa, e isso não serei mesmo, ainda assim é tão doido, tão difícil, tão insuportável... me sinto como a águia, que se esconde nas montanhas no momento de trocar as penas, o bico e as unhas... sim, a águia se esconde p/ sofrer sua metamorfósica dor em silêncio p/ depois voltar aos palcos plena, forte e segura, como nenhum outro ser mortal poderia imaginar.
Não me sinto pertencente ao mundo dos vivos. Saio na rua e todos me olham... uns c/ dó, outros se afastam, sussurram sei lá o que. Já tive vontade de gritar: tenho câncer SIM, estou careca e debilitada SIM, algum problema? Alguém paga minhas contas, resolve meus problemas, enxuga minhas lágrimas? Só eu e meu travesseiro sabemos a real, a cada noite escura da vida, a cada efeito colateral... as pessoas “pensam” que sabem, mas não fazem a menor idéia. Então, parem de me olhar desta forma, de me tratarem como um zumbi. Não estou morta, ainda não.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

08/12/2011

CHORO
Hoje, meu choro que mistura tristeza e felicidade, não me deixa sossegada. Duas experiências diferentes, duas leituras uma tão positiva, outra nem tanto, passaram como tudo passa. E vão passar mais ainda, vão viver em breve no espaço das memórias. Mas eu enxugo as lágrimas, digito e edito as fotos. Porque ainda estou viva. E ainda acho que passarei por muitas outras emoções...
Só eu sei, tenho me mantido firme e forte porque é isso o que todos esperam de mim (a eterna fortaleza). Manter-me firme e forte também faz parte do meu tratamento, o emocional é TUDO e neste aspecto fazer terapia está sendo de fundamental importância.
A terapia, entre outras coisas, está me ensinando a “liberar os corvos”... a não guardar nenhum sentimento que me incomode ou que me faça sofrer.
Impossível negar...  está sendo MUITO DIFÍCIL, doído, amargo, extenso, enfim, tem horas que bate o desespero total, tudo junto e misturado. Na verdade, nascemos e morremos sozinhos e nesta etapa da minha vida não está sendo diferente, porque por mais que as pessoas se preocupem e tentem me confortar, ou estar por perto, é sempre uma imensa solidão, um abismo que só quem vivencia pode entender.
Estar fora do ar, ausente do mundo, da minha profissão e de minha vida propriamente dita me ajuda e me atrapalha ao mesmo tempo...  me ajuda fisicamente e me atrapalha emocionalmente.
Novos efeitos colaterais aparecem a cada nova fase do tratamento, agora o ciclo menstrual foi interrompido, mais uma piração emocional e hormonal, hormonalmente uma bola de fogo que me corre o corpo todo, emocionalmente um turbilhão de sentimentos.
Me mantenho firme e forte... porém,  só eu sei a que preço. Me sinto invadida, dilacerada, vasculhada nas entranhas... nunca conseguirei descrever em palavras o que sinto e o pior é que as pessoas querem saber, mas não possuem alcance p/ compreender...
Tenho procurado perceber o que me incomoda de verdade, o que é carência ou viagem na maionese. Estou pautando meus sentimentos e ações com base em certezas, evitando assim maiores transtornos psico-emocionais.
Estou aproveitando este meu “pit-stop” obrigatório para pensar e olhar a vida de uma nova maneira, com um novo olhar, uma nova perspectiva, em busca de novas percepções, respostas e escolhas. A cada dia temos sempre a chance de refletir, repensar, revisar, refazer e o meu momento chegou... AGORA OU NUNCA!!!
E tem mais, com o câncer constatei que tudo está sendo melhor agora do que antes. Estou tendo a grata oportunidade de olhar de novo para dentro de mim mesma, de me reconhecer e fazer o meu melhor. Parar, refletir e inclusive, se for o caso, mudar de opinião, mudar de ideia, fazer de novo. É olhar para trás e olhar de novo para, com o intuito de caminhar com maior firmeza rumo a um futuro sempre melhor.
É chegada a hora de Revisar, refazer, relembrar, repensar, retomar, reavaliar, recomeçar...
Porém sem jamais me esquecer que devo aceitar, honrar e respeitar o passado, mas devo também deixá-lo em seu devido lugar: NO PASSADO.

domingo, 4 de dezembro de 2011

07/12/2011


TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO – DOMANDO UM LEÃO A CADA DIA...
Compromissos que são desmarcados, planos que mudam e a necessidade de rever a agenda... esta é a minha realidade atual. Sempre tive o hábito de me antecipar, agir, controlar e resolver tudo de uma vez, mas agora, definitivamente, a melhor solução é entregar para o universo e esperar... tarefa quase impossível p/ mim.

Passei os últimos 3 meses catatônica, sem ação, sem conseguir expressar idéias e sentimentos. Só agora as palavras começam a fazer sentido, por este motivo, estou documentando os fatos c/ um certo atraso cronológico.
Minha primeira sessão de quimioterapia foi realizada dia 27/10/2011, das 8:00h às 11:00h. A segunda sessão em 16/11/2011 e a terceira em 07/12/2011, no mesmo horário. Confesso que no primeiro dia eu estava apavorada, morrendo de medo, um misto de sentimentos indecifráveis. Estava tão nervosa que minhas veias desapareceram... ufa, mas deu tudo certo. Claro que chorei quando a medicação começou a correr, afinal, tenho consciência do envenenamento celular proporcionado pela quimioterapia, bem como os infinitos efeitos colaterais.

1)  O QUE É QUIMIOTERAPIA?

A quimioterapia nada mais é do que um tratamento sistêmico, ou seja, que atua em todo o corpo e utiliza-se de medicamentos que vão interferir na divisão celular, preferencialmente nas células tumorais, visando destruí-las, impedindo o crescimento do tumor e aliviando os sintomas causados por seu desenvolvimento.

A quimioterapia pode ser indicada isoladamente ou associada a uma cirurgia (antes ou depois). Pode ainda ser feita em conjunto com outro tipo de tratamento, por exemplo, a radioterapia. A escolha do tipo de tratamento depende de vários fatores, como o tipo de tumor, a sua localização, o estado físico do paciente e o estágio da doença. 

2)  VIAS DE ADMINISTRAÇÃO

As principais vias de administração são:
- via oral, por meio de comprimidos;
- via endovenosa por meio de injeção na veia ou infusão de soro.

Durante a aplicação endovenosa, geralmente não são observados sintomas, mas é importante que enquanto estiver recebendo o soro, hajam cuidados para evitar estravazamentos (vazamento da medicação).

A quimioterapia é uma medicação extremamente agressiva p/ as veias, por isso é realizada com a implantação de um catéter intravenoso chamado “porto-cath”. A colocação deste catéter é um procedimento cirúrgico de pequeno porte e auxilia bastante na preservação dos acessos venosos periféricos.

3)  TEMPO DE TRATAMENTO

A duração, a forma e o tempo de tratamento dependerão do tipo da doença e do esquema terapêutico proposto. As aplicações podem ser diárias, semanais, quinzenais ou mesnsais, obedecendo os intervalos estabelecidos pelo médico. No meu caso são realizadas a cada 21 dias.

Periodicamente a resposta ao tratamento é avaliada.

Conforme o resultado dos exames, o planejamento do tratamento poderá ser modificado.

A maneira que cada organismo reage às drogas utilizadas é um dos fatores importantes na determinação do intervalo e da duração do tratamento. Esta duração vai depender, entre outras coisas,da resposta do tumor às drogas utilizadas. 

4)  EFEITOS COLATERAIS

Como os quimioterápicos não possuem uma ação seletiva exclusiva para células tumorais, eles acabam interferinndo também na divisão celular das células saudáveis e por isso podem debilitar o paciente e causar efeitos colaterais. Estes efeitos não são apresentados por qualquer paciente submetido à quimioterapia. Eles são bastante pessoais e variam de acordo com o tipo de droga utilizada e com a forma que o organismo responde ao tratamento. Por isso, alguns pacientes podem apresentar efeitos colaterais mais intensos enquanto outros não apresentam nenhum sintoma. De um modo geral, estes efeitos colaterais surgem a partir do segundo dia de aplicação e desaparecem após o quinto dia. Porém, alguns efeitos colaterais são cumulativos. 

- Náusea e vômito: surgem geralmente no dia seguinte à aplicação. Podem ser intensos ou não; 

- Mucosite: alguns medicamentos podem causar o aparecimento de feridas na boca, aftas, às vezes dolorosas e que dificultam a alimentação; 

- Febre: alguns dias após a realização da quimioterapia há uma queda da resistência do organismo, tornando mais fácil a contração de infecções por vírus, bactérias ou fungos. O surgimento da febre pode ser apenas uma reação normal ou sinal de presença de infecção; 

- Diarréia: alguns quimioterápicos podem causar diarréia em maior ou menor intensidade; 

- Constipação: alguns quimioterápicos podem causar prisão de ventre; 

- Dor no couro cabeludo e alopécia (queda dos cabelos e pêlos pubianos): nem todos os quimioterápicos provocam queda de cabelo, mas alguns deles interferem na multiplicação das células que dão origem ao cabelo e pêlos pubianos, provocando uma queda que pode ser parcial ou total, com início geralmente após o décimo quinto dia da primeira aplicação. A queda de cabelo é temporária, após o tratamento o cabelo volta a crescer. Às vezes o crescimento se inicia mesmo durante o tratamento, dependendo da droga utilizada; 

- Pele e unhas: alguns quimioterápicos podem provocar alterações na pele, como coceiras, irritação e ressecamento. As unhas também podem ser afetadas tornando-se quebradiças, com rachaduras e escurecidas; 

- Dentes: problemas dentários e jenjivais podem surgir com maior frequência; 

- Leucopenia: redução do número de glóbulos brancos ou leucócitos. É a queda da resistência do organismo; 

- Plaquetopenia: redução do número de plaquetas. As plaquetas são responsáveis por evitar sangramentos no organismo; 

- Anemia: redução dos glóbulos vermelhos; 

- Alteração das papilas (paladar); 

- Sensação de fadiga e sudorese; 

- Dor nos ossos; 

- Ciclo menstrual: algumas drogas usadas na quimioterapia podem interferir na produção hormonal, diminuindo os níveis de hormônio que circulam no sangue. Isto pode levar a alterações do ciclo menstrual e até mesmo a sua interrupção completa.
O melhor de tudo é que estou ótima, até o momento efeito colateral zero, apenas uma pequena náusea e vômito uma única vez, um gosto amargo na boca e um calor repentido às vezes. Nada de sudorese, mal estar, indisposição, nada mesmo!!! Pique total, FÉ e confiança total.
Estou fazendo tudo direitinho, muita hidratação, repouso, dieta levanta defunto made in family (caldo de mocotó c/ pé de galinha, gema de ovo de pata em jejum e suco de maçã c/ inhame - tudo p/ manter a imunidade em alta - condição fundamental p/ o sucesso do tratamento) além da dieta apresentada pela nutricionista que se resume a muita água de coco, isotônicos, água mineral, frutas, verduras e legumes em abundância.
Vamo que vamo, um dia de cada vez!!! é que estou ótima, até o momento efeito colateral zero, nenhuma náusea e nem vômito, apenas um gosto amargo na boca e um calor repentido de vez enquando. Nada de sudorese, mal estar, indisposição, nada mesmo!!! Pique total, FÉ e confiança total.
Estou fazendo tudo direitinho, muita hidratação, repouso, dieta levanta defunto made in family (caldo de mocotó c/ pé de galinha, gema de ovo de pata em jejum e suco de maçã c/ inhame - tudo p/ manter a imunidade em alta - condição fundamental p/ o sucesso do tratamento) além da dieta apresentada pela nutricionista que se resume a muita água de coco, isotônicos, água mineral, frutas, verduras e legumes em abundância.
Vamo que vamo, um dia de cada vez!!!

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

01/11/2011

UM MUNDO PARALELO


Após a confirmação do diagnóstico, me senti num mundo paralelo, um hiato entre tratamento e resultado efetivo. As pessoas te olham diferente, te tratam diferente. Eu me sentia a mesma, plena e saudável. A imagem no espelho não refletia uma pessoa com câncer. Como isso é possível?

Porém, com o tempo, o estigma toma conta, a vida muda radicalmente. Não sou mais dona da minha agenda, de meus compromissos. Tudo está atrelado a datas de exames, consultas, quimioterapias, etc... a ser decidido pela equipe médica. Eles apenas te informam a data e a hora do procedimento a ser realizado, simples assim. Ninguém te pergunta se vc está ou não de acordo, pois é como te pedir p/ escolher viver ou morrer.

O discurso da certeza de cura é decorado e repetido por todos, bem como os percentuais de sucesso... Ao mesmo tempo tudo acontece de uma forma tão urgente que vc se sente em pré-óbito. As recomendações médicas durante o tratamento são: VIDA NORMAL.

Vida normal??? Fala sério!!!

Durante uma semana só chorei, durante as 24 horas do meu dia. Meu rendimento profissional despencou, perdi o apetite (conseqüentemente peso), não tinha coragem de olhar p/ o meu filho... como dizer a ele que eu ia morrer? Sim, pq nas duas primeiras semanas eu só tinha certeza da morte. Tanto que me esqueci que toda a humanidade vai morrer um dia e que eu poderia inclusive morrer atropelada, por exemplo. Até o carro eu bati. Por um curto espaço de tempo perdi a Fé, mas nunca me revoltei c/ Deus e nem tampouco tive pena de mim mesma. Só queria entender os desígnios de Dele em relação à minha pessoa.

O câncer é uma violência física e emocional. Tudo é incerteza. O que dá certo p/ A pode não dar certo p/ B e assim sucessivamente. Nada é parâmetro de coisa alguma. Literalmente é uma doença que corrói as entranhas da alma... é assim que me sinto. A única certeza é o diagnóstico e o início do tratamento... o resto... ninguém garante. Quais os resultados? Não dá p/ saber. O tratamento está sendo eficaz? Antes da quarta sessão de quimioterapia ninguém sabe. Ainda assim, tem a cirurgia, outra incógnita... só na hora H o médico saberá o que vai encontrar, se haverá ou não metástases, enfim... isso é vida normal???

Sem contar na voz do povo, que neste caso é tudo, menos a voz de Deus. Passei a ouvir de tudo, infinitas histórias... o pior é que as pessoas pensam que estão te motivando e estão de empurrando p/ beira de um penhasco... é horrível!!! Indescritível!!! Tem horas que tudo o que vc não quer ouvir é que vai dar tudo certo, parece um disco arranhado, tipo a pessoa não tem o que te dizer e diz que vai dar tudo certo... definitivamente, não desejo este estigma p/ ninguém. O Câncer é a pior tortura física e psicológica que um ser humano pode ser submetido, não há palavras p/ explicar tais sensações.

Em resumo, a vida é um rio largo, cujas margens estão pessoas com câncer e pessoas sem câncer. Não consigo mais interagir socialmente, planejar, construir... não me sinto mais parte do todo e sim a experiência que não deu certo c/ uma imensa platéia a espera do próximo capítulo.

03/10/2011

MEMÓRIA CELULAR... O CORPO FALA - COMO TUDO COMEÇOU

Em meados de julho/2010, comecei a sentir umas pontadas no seio esquerdo. No início eram esporádicas, mas foram se tornando mais freqüentes c/ o passar dos dias.
Faço meu check-up ginecológico anual sempre no mês de setembro e neste ano não foi diferente... papanicolau, ultrassom de mama e transvaginal, mamografia e dessitometria óssea. Tudo absolutamente NORMAL.
Comecei a fazer mamografia a partir dos 30 anos de idade, pois perdi minha mãe p/ um câncer de mama mau diagnosticado e mau cuidado, o que ocasionou metástase óssea e pulmonar, levando-a a óbito em 21/05/2008 aos 59 anos de idade.
Com os exames normais em mãos, me tranquilizei, mas as pontadas em meu seio esquerdo continuavam a me incomodar. Hoje sei que deveria ter repetido os exames em seis meses, mas confiei na informação do meu médico, que julgou não ser necessário.
A partir de março de 2011, meu mamilo esquerdo começou a coçar e a cada TPM, o seio começou a ficar mais denso e dolorido do que o normal... sempre o seio esquerdo, pois o seio direito era assintomático.
Na correria do dia a dia, deixei de lado, na verdade fugi da verdade, num medo paralisante de descobrir algo que meu corpo já sinalizava de forma agonizante.
Até então, não havia nódulo palpável e eu em minha ignorância julguei que estivesse tudo bem. Fui adiando a consulta médica na esperança de não ser nada de mais, mas meu coração estava apertado... memória celular... o corpo fala.
E veio julho/2011, exatamente um ano depois do primeiro sintoma, quando durante o banho senti um nódulo. Meu mundo caiu. Entre um compromisso profissional e outro, deixei que mais um mês passasse... em agosto meu mamilo rachou e começo a liberar uma secreção incolor. Daí bateu o desespero.
Finalmente agendei consulta c/ o meu ginecologista que ao me examinar me tranqüilizou dizendo que poderia ser apenas um fibroadenoma. Ufa... menos mau.
Fibroadenoma? Ledo engano... já na clínica de diagnóstico por imagem, ao realizar a mamografia e o ultrassom de mama o médico me sinalizou a gravidade, pois pediu urgência em retornar ao meu médico, inclusive me antecipou os laudos p/ o dia seguinte, já sugerindo uma biópsia de mama.
Assim foi feito. Eu já tinha certeza do diagnóstico, sempre tive. Mas o medo paralisante retardou meu diagnóstico e início de tratamento, de modo que hoje, meu câncer de mama encontra-se em estágio intermediário. Ignorei a fase inicial, não soube ouvir o meu corpo. Deveria ter voltado ao médico muito antes... enfim.
Feito a biópsia, diagnóstico comprovado: CARCINOMA DUCTAL NÍVEL 3.
Minha mensagem inicial é: MULHERES, OUÇAM SEU CORPO, PRESTEM ATENÇÃO AOS SINAIS E NÃO SE SINTAM CONSTRANGIDAS EM CONTRARIAR SEUS MÉDICOS.