"Sou uma mulher madura, que as vezes brinca de balanço.
Sou uma criança insegura, que as vezes anda de salto alto."
(Martha Medeiros)

Este Blog tem por objetivo catalogar minha caminhada nesta jornada diária na busca incessante pelo auto-conhecimento e compreensão das coisas com a ampliação de consciência. Esta tarefa faz parte do meu exercício de auto-disciplina e comprometimento comigo mesma.


Sigo meu caminho, um dia de cada vez, colocando cada coisa em seu lugar, re-organizando aos poucos toda a minha existência. Mas... de que forma??? Condição sine-qua-non ou regra de ouro: Nunca fazer ao outro aquilo que não gostaria que o outro me fizesse. Deixar a ansiedade e o orgulho de lado, controlar o ego e exercitar o perdão.

Simples, mágico e divertido... com certeza!!!

Por fim, decidi fazer um diário emocional onde irei registrar minhas impressões sempre que algo relevante chacoalhar minha estrutura sinestésica feminina, cujo título não podeia ser outro, senão O DIVÃ DE VALERIA KENCHICOSKI.

Valeria Kenchicoski - março/2010.

sábado, 17 de novembro de 2012

17/11/2012

Voltei.

Após um hiato inexorável e depurativo de idéias, um semestre se passou. Muitas ocorrências também, cujas magnitudes são indescritíveis e ainda indecifráveis.

Dentre muitas decisões e mudanças, matriculei-me num curso de literatura p/ formação de novos escritores, cujo conteúdo engloba tanto literatura brasileira como estrangeira... estou amando, simplesmente sensacional. Criamos a Confraria dos Cachalotes, um Blog Literário onde publicamos nossas obras magnânimas e ímpares. Nossas aulas acontecem nas manhãs de sábado, uma delícia.

Um mediador, que possui dentre muitas expectativas o desejo de conseguir despertar nesta confraria um equilíbrio sinfônico contido em suas duas polaridades e, acreditem ou não, na mesma proporção: afetivos e linguísticos passeios pelos infinitos canais da comunicação poética, resumidos aqui em literatura caudelosa e/ou literatura cerebral. Em suma, uma voracidade encefálica que chega a ser fálica.

Cá estou eu, no segundo encontro desta oficina literária que se confunde com um psicodrama do mundo moderno, onde mesmo Freud, Marx, Darwin e Nietzsche, com suas diversidades intelectuais e magnitudes imperfeitas, jamais conseguiriam interpretar. Uma verdadeira loucura. Sinto-me uma cretina, vagando num hiato recorrente e apaixonante. 

Tal qual como o observador de Dado Bojart observa o mundo ou até mesmo sob a ótica de Cícero Santos, as dualidades existem sim, mas até que instante as mesmas se contrapõem? Existe uma fusão onde tudo se torna memória celular, inconsciente coletivo, as duas metades de uma mesma laranja ou até mesmo, segundo defendem os físicos quânticos, um universo de infinitas possibilidades onde tempo e espaço inexistem e coexistem simultaneamente entre si. 

O corpo fala. Na sala com cadeiras dispostas no formato da letra U percebo olhares observadores, curiosos, desconfiados, seletivos, ansiosos, distantes e contrariados. Olhares que buscam uma imagem além da janela, uma imagem no topo da escada ou até mesmo uma resposta ou várias respostas na própria figura do mediador, travestido como um trema e que a mim mais parece um acento agudo ou crase. Fico em dúvida. 

O vestido esvoaçante cor azul turquesa de Alice me desperta. Não reparei em sua jaqueta customizada. Imediatamente sou remetida à um jardim onde prevalecem as flores de Amarílis. Um dia apresento-lhes Amarílis, um alter ego que se apropriou de mim ou será o contrário? Seja lá como for, estou certa de que Alice, Amarílis ou qualquer um de nós, somos todos icebergs de fogo. 

Viver ou morrer é o de menos. Não importa se é sábado ou se estamos num beco sem saída. O fato é que, é da queda que nos reerguemos. A vida inteira pode ser qualquer momento. E desta vez o mediador não nos exigiu uma quantidade mínima de duas páginas. Eis que somos cetáceos em evolução, que maravilha, afinal, ser feliz ou não é uma questão de talento. 

Saio da aula e caminho entorpecida. Não me recordo o trajeto escolhido, nem tampouco se haviam carros e pessoas nas ruas, apenas uma sopa de letrinhas a fervilhar dentro de mim. Será a fome? Resolvi parar e almoçar num fast-food com o intuito de não perder um segundo sequer. Ali mesmo, entre uma mordida e outra em meu sanduíche, começo a esboçar os sentimentos e idéias. Não quero perder nada, nenhuma palavra. Daria tudo por um gravador agora. O relógio marca 13:13h. Será um presságio? Uma coincidência? Sei lá. Qual a importância disso agora? As pessoas me olham. Devo estar com cara de louca. Me afogo numa coca-cola deliciosamente gelada, preciso chegar em casa, preciso chegar logo em casa. 

Com sofreguidão transcrevo estas palavras, Clarice Lispector e Simone de Beauvoir iriam amar ou odiar? São 15:15h, hora de encerrar.

Um comentário:

  1. Lindo amiga!! Vc é uma escritora nata e talentosa!! Tem o estilo da Martha Medeiros!

    ResponderExcluir