RADIOTERAPIA
– SESSÃO 30/30: ACABOU.
“Uma
mulher é como um saquinho de chá, você nunca saberá o quão forte ele é até que
esteja na água quente.” (Eleanor
Roosevelt).
Hoje é um
daqueles dias bons para refletir sobre a vida, para avaliar o quanto as coisas
estão verdadeiramente como desejamos. Ainda dá tempo de resolver, de mudar o
que for preciso. É importante virar mesmo a página, encerrar aqueles ciclos que
já deviam ter ficado pra trás. É importante abrir espaço para que o novo possa
chegar.
12/12/12. Talvez seja o caso de agir realmente como se o mundo fosse acabar: resolver as
pendências e abrir o coração. Não empurrar problemas com a barriga. Falar o
quanto alguém é especial. Curtir o que é importante. Descartar o que não serve
mais. Seguir em frente. Ser generoso. Resolver a vida para viver cada vez
melhor.
Mais
uma etapa se cumpriu, graças à Deus. Como todos sabem, criei um perfil no
Facebook com a finalidade de divulgar meu tratamento contra um câncer de mama
na íntegra, sem sensacionalismo, porém com a visão do paciente em cada etapa de
um tratamento oncológico.
A
partir de então, este blog também passou a ser uma ferramenta de divulgação. Procurei
conduzir tudo com leveza e alegria, transmitindo esperança, força e
principalmente o acalanto e a certeza de que câncer não é mais uma sentença de
morte, mesmo sem saber como.
Neste
período pessoas se foram, abrindo espaço para novas pessoas que chegaram. Com
resiliência eu sorri, chorei, sofri, brinquei, aprendi, amei, me apaixonei e,
consequentemente, me reconstrui.
A
radioterapia é um processo árduo e que não pode ser mensurado e nem tampouco
comparado ao processo de quimioterapia, por exemplo. Na verdade, os tratamentos
oncológicos são uma “caixa de pandora”, cada um com suas infinitas
complexidades. Cada caso é um caso, cada diagnóstico é um diagnóstico, cada DNA
é um DNA. Portanto, cada tratamento é um tratamento, bem como cada resultado é
um resultado.
As oito
sessões de quimioterapia foram longas, uma a cada 21 dias. Os efeitos
colaterais, todos já relatados aqui, ipsis litters. Ainda assim, havia um período de descanso e
regeneração.
Já na
radioterapia não houve trégua. Foram 30 sessões, uma por dia, com descanso
apenas aos finais de semana. O horário da minha aplicação era 6:30h
(praticamente madrugada). Fizesse sol, chuva, tsunami, terremoto, enfim, eu
estava lá.
Paralelamente,
toda semana havia consulta de avaliação com a médica radioterapeuta – Dra.
Osanna Esther Barbosa – um amor de pessoa.
“A
radioterapia é um método capaz de destruir células tumorais, empregando feixe
de radiações ionizantes. Uma dose pré-calculada de radiação é aplicada, em um
determinado tempo, a um volume de tecido que engloba o tumor, buscando
erradicar todas as células tumorais, com o menor dano possível às células
normais circunvizinhas, à custa das quais se fará a regeneração da área
irradiada.
As radiações ionizantes são eletromagnéticas ou corpusculares e carregam energia. Ao interagirem com os tecidos, dão origem a elétrons rápidos que ionizam o meio e criam efeitos químicos como a hidrólise da água e a ruptura das cadeias de ADN. A morte celular pode ocorrer então por variados mecanismos, desde a inativação de sistemas vitais para a célula até sua incapacidade de reprodução.
A resposta dos tecidos às radiações depende de diversos fatores, tais como a sensibilidade do tumor à radiação, sua localização e oxigenação, assim como a qualidade e a quantidade da radiação e o tempo total em que ela é administrada.
Para que o efeito biológico atinja maior número de células neoplásicas e a tolerância dos tecidos normais seja respeitada, a dose total de radiação a ser administrada é habitualmente fracionada em doses diárias iguais, quando se usa a terapia externa.”(Fonte: INCA – Instituto Nacional do Câncer).
As radiações ionizantes são eletromagnéticas ou corpusculares e carregam energia. Ao interagirem com os tecidos, dão origem a elétrons rápidos que ionizam o meio e criam efeitos químicos como a hidrólise da água e a ruptura das cadeias de ADN. A morte celular pode ocorrer então por variados mecanismos, desde a inativação de sistemas vitais para a célula até sua incapacidade de reprodução.
A resposta dos tecidos às radiações depende de diversos fatores, tais como a sensibilidade do tumor à radiação, sua localização e oxigenação, assim como a qualidade e a quantidade da radiação e o tempo total em que ela é administrada.
Para que o efeito biológico atinja maior número de células neoplásicas e a tolerância dos tecidos normais seja respeitada, a dose total de radiação a ser administrada é habitualmente fracionada em doses diárias iguais, quando se usa a terapia externa.”(Fonte: INCA – Instituto Nacional do Câncer).
Dos
efeitos colaterais:
1)
Sono, muito
sono. Em resumo é o cérebro “desligando” o corpo, obrigando-o ao repouso e,
consequentemente, ao armazenamento das energias vitais p/ que a radiação possa
cumprir sua missão.
2)
Imuno-depressão.
Eis me aqui, com a pele ressecada e as unhas enfraquecidas e quebradiças, mais
uma vez.
3)
Queimadura da
pele, popularmente falando. A região tratada se torna quente e avermelhada.
Sintoma similar ao de um bronzeamento excessivo, diário, sob o sol do meio dia
e sem protetor solar, potencializado por 30 dias consecutivos.
Em Santos faz muito calor nesta
primavera, média de 35 graus. Eu com ansiedade, irritabilidade, impaciência,
tudo junto e misturado.
Na verdade, fiquei com a pele muito
queimada do lado esquerdo do corpo (costas, pescoço, colo, seio e axila esquerda).
Nenhuma novidade. Efeito colateral da radioterapia. Já sabia disso, mas não
pensei que fosse tão difícil e que mexesse tanto comigo física e
emocionalmente.
Nesta mesma data, no ano passado, eu
estava careca e totalmente debilitada por conta da quimioterapia. Hoje estou com
a pele em carne viva. Cada vez que tomo banho, a água escorre pelo meu seio
esquerdo e retira mais um pouquinho de pele. O clima prejudica bastante. Em
casa fico sem roupa e sair na rua é um verdadeiro tormento.
A vida segue. Tudo passa e isso também vai passar. Apenas estou cansada, muito cansada. Estou exausta. Exausta de ser forte, de fazer de conta que está tudo bem, enfim. Só agora, ao escrever estas palavras é que estou me permitindo chorar. Choro bom, de desabafo, mais uma etapa vencida.
A vida segue. Tudo passa e isso também vai passar. Apenas estou cansada, muito cansada. Estou exausta. Exausta de ser forte, de fazer de conta que está tudo bem, enfim. Só agora, ao escrever estas palavras é que estou me permitindo chorar. Choro bom, de desabafo, mais uma etapa vencida.
Sei que
o pior já passou, que sou privilegiada por ter acesso à um tratamento digno e
de última geração. Mas, há momentos em que é bem difícil encarar o espelho.
Será que sou fútil? Preocupar-me com estética a esta altura do campeonato? Sou
mulher, apenas mulher. Portanto, vaidosa, claro!!!
Enfim e
apesar de tudo, o sentimento agora não poderia ser outro, senão o de GRATIDÃO,
AMOR, RESIGNAÇÃO e ALEGRIA.
Definitivamente
passei a reconhecer a transitoriedade das ondas, a relatividade do tempo e a
nulidade da vida que passa sem marcar estações... apenas passa.
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