Hoje não estou com cabeça para escrever uma palavra sequer. Então, mais uma vez futucando aqui e ali, encontrei uma crônica escrita por Maitê Proença e que vai de encontro com meus sentimentos atuais. Chama-se MODÉSTIA... PRA QUE?
“Para que serve a modéstia? É correta, bonita, é como mamãe mandou, baixe a cabeça e diga, imagine são seus olhos. A gente reconhece, mas nega enquanto espera que o outro reafirme a importância do que sabemos ter valor. Confusa comunicação que serve para dizer o que não se pensa. O brasileiro de maneira geral tolera mal a objetividade. No Rio de Janeiro, com a herança da corte, a coisa piora um bocado. Não se admitem críticas, mas reinam os elogios e superlativos enaltecedores para adjetivar o mérito de qualquer porcariazinha. Aí, quando algo tem beleza e fulgor, os modestos, cansados de tanto frufru, se acanham ao receber merecidos louros.
Seria mais simples se na vida pudéssemos falar das coisas como elas nos parecem, sem imensos prelúdios, inúteis preparações. Dos filmes suecos é o que mais gosto; aqueles diálogos acachapantes com gente falando o indizível sem qualquer salamaleque. E o outro ali impassível a considerar, porque aquilo tem o tamanho exato do que foi dito. Não significa desamor da parte de quem expõe e nem há jogo de idéias, apenas palavras exatas para manifestar o que não pôde ser calado. Também não há conversa demais, nem quando se quer ferir, e menos ainda ao elogiar. De minha latinidade observo com perplexo encantamento: palavras para comunicar, que coisa!
No meio em que circulo, com pessoas das artes, é ainda mais difícil comentar o que se pensa. Somos um bando de ególatras que só quer ouvir o que cai bem. Há observações certas e outras que não se pode fazer. Somos frágeis e melindráveis e quando alguém se opõe à nossa forma de expressão, vestimos armaduras e trancamos os ouvidos. O que sabem esses insensíveis caretas? Nunca nos alcançarão! Mas é a eles que queremos tocar, penso, precisamos deles, se acelerarmos o passo sem suprimir o que é belo - pequena concessão - eles se abrirão para a compreensão de tudo. Insensível! E lá vou com minha falta de tato, apanhando pra me fazer compreender. Há vezes em que vale a pena, ainda que saia invariavelmente combalida, descompassada, com espírito repleto de hematomas.
Se à vida na tropicália não convém muita clareza – talvez porque o sol brilhe quente lá fora entorpecendo o juízo da gente - no teatro tudo é possível. O vôo é o da liberdade. E nada ficará por dizer!
“Para que serve a modéstia? É correta, bonita, é como mamãe mandou, baixe a cabeça e diga, imagine são seus olhos. A gente reconhece, mas nega enquanto espera que o outro reafirme a importância do que sabemos ter valor. Confusa comunicação que serve para dizer o que não se pensa. O brasileiro de maneira geral tolera mal a objetividade. No Rio de Janeiro, com a herança da corte, a coisa piora um bocado. Não se admitem críticas, mas reinam os elogios e superlativos enaltecedores para adjetivar o mérito de qualquer porcariazinha. Aí, quando algo tem beleza e fulgor, os modestos, cansados de tanto frufru, se acanham ao receber merecidos louros.
Seria mais simples se na vida pudéssemos falar das coisas como elas nos parecem, sem imensos prelúdios, inúteis preparações. Dos filmes suecos é o que mais gosto; aqueles diálogos acachapantes com gente falando o indizível sem qualquer salamaleque. E o outro ali impassível a considerar, porque aquilo tem o tamanho exato do que foi dito. Não significa desamor da parte de quem expõe e nem há jogo de idéias, apenas palavras exatas para manifestar o que não pôde ser calado. Também não há conversa demais, nem quando se quer ferir, e menos ainda ao elogiar. De minha latinidade observo com perplexo encantamento: palavras para comunicar, que coisa!
No meio em que circulo, com pessoas das artes, é ainda mais difícil comentar o que se pensa. Somos um bando de ególatras que só quer ouvir o que cai bem. Há observações certas e outras que não se pode fazer. Somos frágeis e melindráveis e quando alguém se opõe à nossa forma de expressão, vestimos armaduras e trancamos os ouvidos. O que sabem esses insensíveis caretas? Nunca nos alcançarão! Mas é a eles que queremos tocar, penso, precisamos deles, se acelerarmos o passo sem suprimir o que é belo - pequena concessão - eles se abrirão para a compreensão de tudo. Insensível! E lá vou com minha falta de tato, apanhando pra me fazer compreender. Há vezes em que vale a pena, ainda que saia invariavelmente combalida, descompassada, com espírito repleto de hematomas.
Se à vida na tropicália não convém muita clareza – talvez porque o sol brilhe quente lá fora entorpecendo o juízo da gente - no teatro tudo é possível. O vôo é o da liberdade. E nada ficará por dizer!
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